terça-feira, 24 de junho de 2014



PEQUENA BIOGRAFIA DE LAURA PAULA VIEIRA


  • Nasceu em Rio do Sul no dia 27/05/1941;
  • Quando tinha 18 casou-se com Maurino Vieira, já na cidade de Rio do Sul;
  • Ainda em Rio do Sul nasceram os filhos Neusa, Adilson, Edson e Edna;
  • No ano de 1967, confessou Jesus Cristo como seu Senhor;
  • Logo em seguida, seu esposo também faria o mesmo;
  • Então, no ano de 1968, embarcaram num trem e vieram residir em Itajaí;
  • Nesta cidade nasceram os filhos Izabel, Samuel, Joel e Ismael;
  • No ano de 1974 seu esposo Maurino partiu para a Eternidade. Deixa uma viúva com 33 anos de idade e 7 filhos, pois 1 já havia falecido. A partir daí, abriu mão de um novo casamento, e preferiu servir a Deus e servir seus filhos, mantendo-se assim até sua partida;
  • Na Igreja trabalhou como dirigente do Círculo de Oração, comissão de visitas, além de participar na área da música.
  • Deixa 10 netos e netas a quem amava muito.

PV. 31.10 “Mulher virtuosa, quem a achará? O Seu valor excede ao de muitos rubis”
(Irmão Valmir)


Não há como contar a história da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no bairro Praia Brava, sem citar o nome de Laura Paula Vieira, mais conhecida como irmã Laurinha. Numa época em que este bairro só era conhecido por sua Zona de Meretrício, ou pelos primeiros usuários de drogas da cidade, esta mulher, viúva, 7 filhos para criar, profissão lavadeira, se juntava a outros cristãos igualmente cheios do Espírito Santo, para ir em busca das pobres almas perdidas.
A chama das missões ardia em seu coração, e transbordando do amor de Deus, esta irmã, não perdia uma sequer oportunidade para anunciar o amado Jesus Cristo. Em casa, nas ruas, no trabalho, entre os parentes, vizinhos, enfim, onde ela encontrava uma viva alma, aproveitava para dizer o quanto Jesus é bom. Quase todas madrugadas, levantava de sua cama, madrugadas frias ou quentes, e ia procurar Jesus de joelhos. Ali conversava com Ele em oração. Ali se demorava na Presença Dele, e aproveitava este momento para interceder pelos filhos, filhas, genros, noras, netos e netas. Orava também pela Igreja, pelos vizinhos, pelos parentes...orava por mim..orava pelo irmão Lemir. Falava, falava e falava tanto com o Senhor, que as vezes dormia ali de joelhos mesmo. E como Jesus estava acostumado a conversar com Ela nas madrugadas, foi numa madrugada que Ele lhe veio buscar. Então, o Amado Jesus que ela via por Fé, agora o vê face a face.
Segundo o pastor José Cardoso, os primeiros cultos evangélicos no bairro Praia Brava começaram na sala da casa desta nobre irmã. Foi nesta casa que a mãe dela – irmã Paula - recebeu o dom de línguas. Ali o fogo caía e este mesmo fogo continua ardendo em nossos corações. São chamas eternas, que o tempo não pode apagar, pois a Bíblia diz que o fogo arderá continuamente sobre o altar e não se apagará.



Deus levou seu esposo quando já tinham 7 filhos. Marido fiel, carpinteiro dos melhores, homem de Deus, trabalhou arduamente na construção da primeira igrejinha de madeira, antigo templo da Assembléia de Deus. Mesmo tendo os filhos para educar e sustentar, mesmo vivendo a dureza de uma viúves precoce, ela ainda arrumava tempo, juntamente com as irmãs Noemia, Roseli, Odete, Guida, Cristina, Lurdes e Maria Cardoso, para irem orar nas casas de pessoas necessitadas. Por exemplo na casa de uma irmã chamada Alma, elas por muito tempo oravam todos os dias das 5 às 9 horas da manhã. Não foram poucas vezes que alguns vizinhos revoltados com aquelas orações, atiravam pedras sobre a casa onde estavam. Mas estas pedras, lhes serviam de pavimentação para a estrada da Fé que alegremente caminhavam. O interessante é que não só oravam, como também, se juntavam para lavarem as louças e as roupas das pessoas visitadas, caso fosse necessário.
Que lição para nós todos hoje em dia!
Esta mulher, que aqui está, não rejeitava serviço sagrado. Se a Igreja precisasse de uma mulher para dirigir o Círculo de Oração, ela consultava o Senhor e aceitava. Se precisasse de uma adoradora, ela também sabia adorar, se precisasse de alguém que falasse uma Palavra no culto, ela também sabia testificar! Vivia sua vida para agradar o Senhor. Fez dupla nos louvores com as irmãs Noemia, Maria Cardoso, Leonor Junkes, além de outras. Tinha uma voz especial, dada por Deus para que ela o glorificasse.
Os primeiros pastores da Assembléia de Deus na Praia Brava, não esquecem da dedicação e do amor desta mulher. José Cardoso, Pedro Souza, irmão Batista, e tantos outros, lhe apascentaram e dela recebiam respeito e ajuda. Algumas irmãs, a chamavam de mãe, como o caso da irmã Nena, que após perder sua mamãe, recebia suprimentos maternos da irmã Laurinha. São tantas história de amor e dedicação desta Filha de Deus, que é difícil contar todas aqui. A irmã Débora, recorda que quando era pequena, sua família passou por uma crise dramática. Novamente lá estava a irmã Laura, ajudando uma menina em desespero, trazendo-lhe frutas e ervas para suprir algumas necessidades. Para a irmã Laura ajudar alguém, não tinha idade. Crianças, jovens (como nos relatou a irmã Marisi), adultos, idosos, cristãos e não cristãos, enfim, a todos ela se entregava para amenizar os problemas e conduzi-los à Deus, quando fosse o caso..
Não foram poucas as pessoas que procuraram esta missionária para colocar a arca caída de seus bebês no lugar. Eu mesmo presenciei, em seus últimos dias de vida, já quase cega, recebendo uma família em desespero com uma criança. Ali, apenas tateando o pequeno corpo daquele nenê, a arca foi para o lugar e a família que entrara ali chorando, saiu alegre.
O irmã Davi conta que ela o procurava para que ele orasse por ela. Isto fazia muitas vezes. Ela lhe pedia uma oração naquele instante, em troca da madrugada que havia orado por ele. Estava apenas sacando um depósito. O próprio dirigente da Assembléia de Deus aqui em Praia Brava, irmão Lenir, nos disse o quanto ela lhe foi importante no momento mais dramático de sua vida. Esta era a irmã Laura. Irmã de todos, mãe de muitos, mulher de um...e serva de Jesus Cristo.
Um certo irmão nos conta, que apesar de ele levar uma vida distante de Deus, apesar das cadeias, apesar dos vícios, apesar da má fama que ele tinha no bairro...a “dona” Laura lhe cercava nas ruas e lhe dizia: “Miro...Jesus te ama. Estou orando por você.” E valeram aquelas orações. Passaram-se 30 anos para o tal Miro se converter...mas hoje o irmão Gelmir venceu os vícios e está servindo ao Senhor Jesus Cristo.
Me suportem só mais um pouquinho por favor, pois esta é uma história que a televisão não vai contar, podem ter certeza. Mas eu não posso deixá-la passar.
Vizinhos crentes, não crentes, ateus, enfim, todos da redondeza, a irmã Laura amava e visitava. Tinha sempre uma Palavra e um sorriso...e as vezes uma sacolinha de alimentos para ajudar alguém. Muitas vezes os irmãos levavam algum donativo para ela, e ela repartia tudo com outras pessoas mais necessitadas do que ela. Nos últimos dias que antecederam sua partida para a Glória, chegou a doar sua máquina de lavar roupas, pois achava que aquela família precisava mais da máquina do que ela mesmo.
A irmã Laura era carente também...muito carente. Nestes últimos meses, ela gostava de chamar as pessoas ali na casa dela, só para ter uma companhia, só para ter com quem conversar. Não queria estar só. Quando não passava algum conhecido na rua, então ela ia na casa das irmãs amigas de Fé. E assim, passava o seu dia, conversando, orando e visitando.
Quero falar também do amor dela por seus filhos. É claro que toda mãe, ama e elogia seus filhos, mas a irmã Laura fazia isto de uma maneira muito especial. Sempre que citava o nome de um deles, o fazia com alegria na alma, pois eles eram frutos de um verdadeiro amor, que foi curto na vida, mas duradouro no coração. Algumas vezes ela me dizia: “Irmão Valmir...me leve na casa de minha filha...estou um pouco angustiada. Ver e conversar com elas me fará bem.”. E eles, até onde puderam suas forças, lutaram ao lado dela. Mesmo sem um pai no comando, tinham por esta mulher respeito e admiração. Nestes últimos dias no hospital, era uma corrente contínua de filhas e netas, para que ela não ficasse sozinha. Lá no quarto frio do hospital, eu via suas netas cuidando dela, como se cuida de alguém que se ama muito.


O bairro Praia Brava está de luto. Mas não chorem por ela...ao contrário se alegrem, pois esta mulher sábia, fez uma escolha sábia que mudou para sempre sua história. Fazem 40 anos que ela Confessou Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, e manteve-se fiel a Ele até seu último suspiro. Não chorem por ela, chorem por nós, chorem por vós, pois todos aqui sabemos como ela terminou, todavia a história do nosso fim, ainda está sendo escrita.


No início deste texto, há uma pergunta bíblica que diz: Mulher virtuosa, quem a achara? O seu valor excede ao de muitos rubis. Por tudo que a irmã Laura foi, por tudo que ela fez, por todos que amou, pelo Deus que ela serviu, podemos acertadamente dizer que encontramos uma mulher virtuosa. Uma mulher pobre na vida, mas rica nos céus. Uma mulher simples para a sociedade, porém amada de Deus. Deixa um rastro de amor e Fé, que deverão ser seguidos por todos aqueles que procuram um caminho.


Se ela pudesse agora falar, ela diria aos seus filhos: Não troquem o amor de Jesus pelo amor deste mundo! Diria também a todos da Igreja: Façam a obra de Deus enquanto é dia, pois a noite já vem chegando! Ela diria também àqueles que ainda não confessaram Jesus como Senhor: Jesus ama vocês!


Amém.

Obs: Este texto foi lido pelo autor durante cerimônia fúnebre em memória da irmã Laurinha no dia 25/08/2007, na capela mortuária do Cemitério da Fazenda em Itajaí-SC